domingo, 18 de novembro de 2012

Novo Mundo nos relatos de viagem dos navegantes, Descobridores e cronistas: mitos e visões



Documento 1:
Dei muitas outras coisas de pouco valor que lhes causaram grande prazer” (11/10/1492). “Tudo o que têm, dão em troca de qualquer bagatela que se lhes ofereça, tanto que aceitam na troca até mesmo pedaços de tigela e taças de vidro quebradas” (13/10/1492). “Alguns tinham pedaços de ouro no nariz, que de bom grado trocavam por (...) [coisas] que valem tão pouco que não valem nada” (22/11/1492).
(Cristóvão Colombo, “Diário”).

Documento 2:
Até pedaços de barris quebrados aceitavam, dando tudo o que tinham, como bestas idiotas”.
(Cristóvão Colombo, “Carta a Santangel”, fevereiro/março de 1493).

Documento 3:
Alguns índios que o Almirante [Colombo] tinha trazido de Isabela entraram nas cabanas (que pertenciam aos índios locais) e serviram-se de tudo o que era de seu agrado; os proprietários não deram o menor sinal de aborrecimento, como se tudo o que possuíssem fosse propriedade comum. Os indígenas, achando que tínhamos o mesmo costume, no início pegaram dos cristãos tudo o que era de seu agrado; mas notaram seu erro rapidamente.”
(Fernando Colombo, “Histoire” ou “Vida do Almirante Dom Cristóvão Colombo”, publicado em 1571)

Documento 4:
Como na viagem que fiz a Cibao [atual República Dominicana], ocorreu que algum índio roubou, se fosse descoberto que alguns deles roubam, castigai-os cortando-lhes o nariz e as orelhas, pois são partes do corpo que não se pode esconder”.
(Cristóvão Colombo, “Instruções a Mosen Pedro Margarite”, 09/04/1494).

Documento 5:
Cortez ordena que cada um dos [sessenta] caciques faça vir seu herdeiro. A ordem é cumprida. Todos os caciques são então queimados numa imensa fogueira e seus herdeiros assistem à execução. Cortez chama-os em seguida e lhes pergunta se sabem como foi dada a sentença contra seus pais assassinos, depois, tomando um ar severo, acrescenta que espera que o exemplo baste e que eles não sejam mais suspeitos de desobediência.”
(Pierre Martyr Anghiera, “De Orbe Novo”, publicado em 1511).

Documento 6:
Assim que os espanhóis souberam das crenças ingênuas dos insulares em relação a suas almas que, após a expiação das faltas, devem passar das montanhas geladas do norte para as regiões meridionais, tudo fizeram para persuadi-los a abandonarem por iniciativa própria o solo natal e se deixarem levar às ilhas meridionais de Cuba e Hispaniola [Haiti]. Conseguiram convencê-los de que eles mesmos estavam chegando do país onde encontrariam seus pais e filhos mortos, todos os parentes e amigos, e desfrutariam de todas as delícias nos braços daqueles que tinham amado. Como os sacerdotes já tinham incutido neles essas falsas crenças, e os espanhóis confirmavam-nas, deixaram a pátria nessa vã esperança. Assim que compreenderam que tinham abusado deles, já que não encontravam nem os parentes nem pessoa alguma que desejavam e eram, ao contrário, forçados a suportar fadigas e a executar trabalhos duros aos quais não estavam habituados, ficaram desesperados. Ou se suicidavam, ou então resolviam morrer de fome e faleciam de cansaço, recusando qualquer argumento, e até mesmo a violência, para se alimentarem. (...) Assim pereceram os desafortunados lucayos.”(Pierre M. Anghiera, “De Orbe Novo”).

Documento 7:
Esta é nossa principal intenção: prevenir o clero da confusão que pode existir entre as nossas festas e as deles. Os índios, simulando a celebração das festas de nosso Deus e dos santos, inserem e celebram as de seus ídolos quando caem no mesmo dia. E introduzem seus antigos ritos no nosso cerimonial. (...) Durante esses dias de festa, ouvia cantos louvando a Deus e aos santos que eram misturados com suas metáforas e coisas antigas que só o demônio compreende, pois foi ele quem lhas ensinou.” (Frei Diego Durán, “Historia de las Indias de Nueva España e Islas de la Tierra Firme”, escrito entre 1576-1581). 
Os textos produzidos por europeus dos séculos XV e XVI, portanto do início da conquista e colonização, sobre os habitantes do lugar que os europeus denominaram “Novo Mundo” e, a partir de 1507, de “América”, em homenagem ao navegador e mercador florentino Américo Vespúcio (1454-1512), o primeiro a anunciar que as terras então descobertas eram parte de um novo continente. 

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Inclusão das TICs na prática pedagógica




          Estamos vivendo numa sociedade em transição onde a tecnologia está cada vez mais inserida em nosso cotidiano. Não temos como pensar em educação e práticas pedagógicas sem utilizar-mos os benefícios que a Tecnologia de Comunicações e suas ferramentas digitais  possa nos oferecer facilitando nossa vida diária.
          Vivemos em um mundo onde a tecnologia nos oferece vários recursos para a solução de problemas. O professor deve aprender a ler e a escrever as diferentes linguagens,e as diversas técnicas de informação e de comunicação,assim como as distintas representações usadas nas diversas tecnologias.
          Inserir-se na sociedade da informação não quer dizer apenas ter acesso à tecnologia de informação e comunicação -TIC,mas principalmente saber utilizar essa tecnologia para a busca e a seleção de informações para compreender o mundo e atuar na transformação de seu contexto para  tornar-se mais participativo, comunicativo e criativo.
          Nessa perspectiva, o professor trabalha junto com os alunos e os incentiva a colaborarem entre si,o que favorece uma mudança de atitude em relação à participação e compromisso do aluno e professor como parceiro de aprendizagem.
          Desta forma,pode-se mobilizar os alunos para a investigação e a problematização alicerçados no desenvolvimento de projetos,solução de problemas,reflexões individuais e coletivas e criando condições que favoreçam a compreensão da complexidade do mundo,do contexto,do grupo,do ser humano e da própria identidade
          Esse movimento produzido pelo pensar em redes de conhecimento pode propicia a ultrapassar as paredes da sala de aula e os muros da escola,indo além dos conteúdos curriculares na tentativa da construção de uma sociedade mais justa,consciente,ética e humanitária.
          Para tanto,precisamos ousar,vencer desafios,articular saberes,criando e desatando novos nós conceituais,interagir,refletir,compreender e atuar na melhoria de processos e produções,transformando-se e transformando-os. Assim creio que podemos formar alunos mais participativos e conscientes da realidade e da sociedade. E que nada é estático,pelo contrario,tudo está em constante transformação e que essa transformação e seu rumo para uma vida melhor em sociedade depende de todos nós agirmos em conjunto.
                                                                                                                              Por Joca Varoto

A importância das TICs na educação



A importância das TICs na educação

Por Marcus Tavares
Marise Brandão é Orientadora Tecnológica Educacional do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Até pouco tempo era professora de Atividades Integradas – Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia, Ciências e Artes – na Escola Estadual Dr. Álvaro Rocha, localizada no município de Barra do Piraí, no Estado do Rio de Janeiro. Quem a conhece pela primeira vez rende-se logo à sua simpatia. Mas, em seguida, impressiona-se com o seu trabalho de dedicação ao ensino e ao uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na sala de aula.
Não é à toa que Marise, hoje, também atua como Orientadora Tecnológica do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Capacidade reconhecida internacionalmente desde 2008, quando ela ganhou o título de Embaixadora da Microsoft e o prêmio Microsoft Educadores Inovadores – categoria Educador Inovador.

revistapontocom – O que é ser um educador nos dias de hoje?
Marise Brandão
 - Hoje, ser educador exige muito mais do que ter somente conhecimento sobre sua área específica. É preciso ser um estimulador do prazer em construir o conhecimento. O educador tem que ensinar seus alunos a pensarem, a descobrirem, a desenvolverem suas competências e habilidades. O professor do século XXI é um estimulador, motivador no desenvolvimento de habilidades e  potencializador de competências nos alunos. Mas para isto, ele tem que quebrar os velhos paradigmas da escola tradicional, deixando de ser somente um transmissor de informações.

revistapontocom - Neste sentido, qual é o papel das tecnologias da comunicação no processo de ensino e aprendizagem das atuais gerações?
Marise Brandão
– Elas devem ser um dos instrumentos para a construção do conhecimento. No mundo de hoje, as tecnologias são indispensáveis na educação das crianças e dos adolescentes. Eles ‘vivem’ tecnologias e quem não vive sonha em viver. É o mundo deles. Isto é fato. Como ignorar este potencial? Como permanecer no cuspe e giz? Todo professor deveria assistir a este vídeo antes de se negar a usar as TICs com seus alunos.

revistapontocom - Há dois anos, você recebeu o prêmio Microsoft Educadores Inovadores, na categoria Educador Inovador. A premiação foi fruto do projeto o Vôo BPF Brasil, Portugal e França. Que projeto foi esse?
Marise Brandão
 - Utilizando como temática o centenário de Santos Dumont, o projeto teve o objetivo de criar uma comunidade de aprendizagem em rede, estabelecendo um intercâmbio com escolas do Brasil, Portugal e França. O projeto foi desenvolvido por quatro escolas, duas no Brasil, uma em Portugal e uma na França. Criamos uma aprendizagem em rede, onde os alunos se tornaram os autores, construindo o conhecimento de uma forma muito participativa e colaborativa. Partimos da leitura do livro de Claudio Fragata, Seis Tombos e um Pulinho, que fala sobre Santos Dumont. As atividades envolveram 115 alunos de seis turmas do Ensino Fundamental dos três países.
                                                      
revistapontocom – O projeto foi inovador ao aliar as TICs e outras escolas de outros países?
Marise Brandão
– Acredito que o projeto foi bastante inovador porque ele foi ousado. Não foi um projeto de consumo de informações, mas de produção de conhecimento por meio da autoria do aluno. O projeto inovou por ultrapassar os muros da escola, tornando a aprendizagem mais flexível no tempo e no espaço e unindo dois continentes. O planejamento do trabalho começou com uma reunião inicial com os alunos, explicando a importância de eles estarem inseridos no projeto. Após uma pesquisa na internet para recolher material sobre Santos Dumont, foi criado o blog Vôo BPF com a finalidade de publicar os trabalhos, as imagens e a opinião dos envolvidos. Todas as atividades de realização dos trabalhos publicados no blog utilizaram tecnologia digital e informática que permitiram desenvolver nos alunos competências que levam à infoinclusão e literacia digital. Ao final das atividades, houve a realização de uma videoconferência envolvendo representantes do Brasil, Portugal e da França. O MSN Messenger foi o principal veículo de comunicação e troca de informações entre os professores.

revistapontocom – E quais foram os resultados?
Marise Brandão
– Bem, durante o desenvolvimento do projeto, fui chamada de muitas coisas, todos achavam que eu estava delirando, sonhando e que eu tinha perdido o rumo. Chamava meus colegas para participarem e eles me olhavam de modo estranho. Eu falava em videoconferência com Portugal, França. Falava em blog colaborativo, em webquests. Falava em crianças de uma escola estadual que nunca haviam tocado em computadores, crianças que estavam rotuladas, recuperando os conteúdos, e, agora, tendo prazer em estudar. Falava em apoio das famílias, enquanto sempre falavam na falta de apoio das famílias. Os resultados foram os melhores possíveis. Houve uma grande mudança de comportamento por parte dos alunos, aumentando o interesse pelos estudos, o desenvolvimento de competências e habilidades, elevando a auto-estima de todos os envolvidos. Acho que a maior conquista deste trabalho foi a verdadeira inclusão digital, que mudou a história de vida de vários alunos.

revistapontocom – E de lá para cá?
Marise Brandão
 - O trabalho com as TICs na sala de aula continua até hoje. A diferença é que a Microsoft me apóia atualmente. Ano passado, a Microsoft e a Secretaria de Estado de Educação do Rio de Janeiro me levaram a Washington para participar de um congresso, onde tive a alegria de ver o projeto valorizado e conhecer outros maravilhosos. Hoje, faço parte dos Educadores Inovadores em Rede da Microsoft. Estamos sempre juntos, seja presencialmente ou online, trocando experiências e fazendo reflexões. A Microsoft conseguiu unir todos os Educadores Inovadores do Brasil com os Professores Nota Dez de 2009, imagina no que isto vai dar. Principalmente em nosso estado, onde a Secretária de Educação e sua equipe acredita e apóia o uso das TICs para a evolução e revolução na educação.  Ainda estou à frente do portal www.webeducacional.com, onde professores e estudantes de vários estados do Brasil e de Portugal criam suas webquests, baixam softs, pesquisam e recebem informações e orientações. No ano passado, desenvolvi o projeto Reciclar é um Barato. O projeto promoveu o intercâmbio de profissionais do Brasil, Guatemala e EUA (http://reciclareumbarato.blogspot.com/